Recebi, um dia desses, um e-mail em que um professor foi desconvidado para ser patrono, pois não havia doado uma pequena fortuna para os formandos. Há de se considerar que àqueles formandos não aprenderam absolutamente nada durante os anos que passaram na Faculdade.
Sempre acreditei em que educação é muito mais que “cuspe e giz”. Aulas dadas. Conteúdos passados. Provas. Seminários. Educador é aquele quem faz a diferença, preocupa-se, empenha-se, que vibra com a vitória do aluno, que bate palmas de pé quando um aluno passa uma informação que ele não tinha.
Educador ganha pouco, trabalha demais, tem que manter a disciplina em sala de aula, tem que observar olho no olho o aluno, passa sempre o final de semana ocupado com elaborações de avaliação, correções de outras tantas, planejando atividades diversificadas, entre outras coisas.
Pena que na educação brasileira há mais pessoas que – por não saberem o que fazer para ganhar dinheiro – vão para sala de aula e se auto-intitulam: professor. É o que faz com que os resultados das pesquisas mundiais sobre educação os níveis apresentados pelo Brasil sejam críticos.
Ufa falei!
Cheguei ao Espírito Santo em 1995, comecei trabalhando nas escolas públicas: Santo Antônio e Pio XII. Foi um ano magistral. Consegui colocar em prática tudo que eu acreditava. Muitas metodologias deletadas da minha prática criei outras. Adequei algumas a realidade em que meu aluno vivia. Li demais.
No ano seguinte 1996 comecei a ministrar aulas na escola privada Centro Educacional Nossa Senhora Aparecida – CENSA, e no meio do ano fiz concurso para ser professora substituta da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. Continuava no Pio XII . Foi outro ano fantástico.
Em 1997 continuava na UFES, no CENSA e no Pio XII. Outro ano de correria, mas muitas alegrias.
Chega 1998 comecei a ministrar aulas no Ceciliano Abel de Almeida – ESTADUAL, escola referência para implantação da escola técnica estadual do ES. Termina meu contrato com a UFES-ES. Fico então no Pio XII e ESTADUAL dou inicio à jornada na escola pública do Cruzamento – aprendi demais com aqueles alunos, a vida sofrida deles fez com que minha visão de mundo mudasse radicalmente. Obrigada a todos! Sinto saudades de vocês!
Final do século XX, muitas emoções começam. Começam as homenagens que recebi. As primeiras referentes aos alunos que terminavam o 2º Grau – tanto das turmas de Administração quanto das turmas de Magistério . Fiquei radiante, porque quando era professora cobrava demais, exigia compromisso. E para minha grata surpresa e muita felicidade – fui “madrinha” de duas turmas . A emoção foi incrivelmente indescritível. Aquela homenagem era muito mais que uma placa e um buquê de rosas foi a certeza de que eu estava no caminho certo.
O tempo vai passando e a turma da UFES de Letras-Português-1997 – faz um convite estranho – quase que a turma toda faz questão de que eu vá à formatura, quase que me impõe. Eu fui, mas sem saber do que ocorreria. Não era paraninfa, não era patrona, e ao mesmo tempo fui à homenageada e jamais esquecerei. O discurso era uma grande metáfora do poema de Drumonnd “No meio do Caminho”. Fiquei apavorada quando a aluna começou a ler o discurso citando e pedindo licença ao poeta, pensei eu – eu sempre me referi a esse poema, o que será que eles vão aprontar? E o discurso continuava quando de repente sou solicitada a me direcionar até à mesa das autoridades, homenageados. E a homenagem começou agradecendo por eu ter sido uma pedra, pois só assim a turma cresceu, brilhou, aprendeu. Chorei demais! Quase todos os alunos dessa turma passaram no Concurso Público para professor.
Em 2001, começo a trabalhar na Faculdade Vale do Cricaré – IVC – aulas nos cursos de Administração, Turismo, Ciências Contábeis e Direito.
Começo a trabalhar na Bahia em 2006 – Faculdade de Teixeira de Freitas – FACTEF, no final do ano recebo homenagem da 1ª turma de Administração – foi emocionante. Em 2007.2 e 2008.1 a segunda e a terceira homenagens das Turmas de Administração.
Em 2008 a faculdade FACTEF é vendida à Rede Pitágoras e 2008.2 sou convidada pela primeira vez para ser Paraninfa. Quase morri. Fiz um discurso para ser lido, quase não consegui lê-lo, pois a emoção era enorme. 2009.1 Paraninfa outra vez. Outra enorme emoção. 2009.2 Homenageada outra vez. 2010.1 termino com chave de ouro minha passagem pela PITÁGORAS sendo Paraninfa da turma de Administração.
Para minha grata surpresa em 2010.2, já não estava mais trabalhando na faculdade, creio que a memória dos alunos não me despediu e sou homenageada pelas turmas de Administração e de Enfermagem.
E semana passada 18.08.2011 fui convidada para formatura da turma de Administração – 2007.2, turma que ministrei duas disciplinas, que cobrei demais. Fui homenageada também.
Sei que quando alunos homenageiam ou chamam um professor para ser homenageados ou para serem paraninfos é por pura gratidão, reconhecimento, carinho e por não dizer amor, porque eles aprendem a nos amar, do jeito que somos.
Aqui faço uma homenagem a vocês, meus eternos “professores”, pois aprendi com vocês muito. O valor da vida, do respeito, da determinação, da postura, da dificuldade.
Se sempre fui “general” era porque sabia que vocês como comandados eram eficientes soldados; se sempre fui exigente demais é porque sabia do potencial de todos.
Revendo as placas, lembrando dos momentos, apenas tenho a dizer: agradeço demais a todos os alunos pelo carinho e respeito que sempre tiveram por mim.
Beijaços!
Amo vocês +QD+!
Rose Marie Mendes de Lima