O governo federal vai adiar para 2016 a obrigatoriedade do
uso do novo acordo ortográfico. As novas regras, adotadas pelos setores público
e privado desde 2009, deveriam ser implementadas de forma integral a partir de
1º de janeiro de 2013.
Adiamento
do novo acordo ortográfico reacende debate sobre mudanças
A reforma ortográfica altera a grafia
de cerca de 0,5% das palavras em português. Com o adiamento, continuará sendo
opcional usar, por exemplo, o trema e acentos agudos em ditongos abertos como
os das palavras "ideia" e "assembleia".
Além disso, o adiamento de três anos
abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso significa que,
embora jornais, livros didáticos e documentos oficiais já tenham adotado o novo
acordo, novas alterações podem ser implementadas ou até mesmo suspensas.
"Há muita insatisfação. Ganhamos
tempo para refletir, discutir e reduzir o número de regras irracionais",
afirma o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que defendeu o adiamento e quer
promover audiências com professores e embaixadores dos países de língua
portuguesa na Casa.
A maior pressão é de professores, que
reclamam terem sido excluídos das discussões.
Diplomacia
A decisão é encarada como um movimento
diplomático, uma vez que o governo, diz o Itamaraty, quer sincronizar as
mudanças com Portugal.
O país europeu concordou oficialmente
com a reforma ortográfica, mas ainda resiste em adotá-la. Assim
como o Brasil, Portugal ratificou em 2008 o acordo, mas definiu um período de
transição maior.
Não há sanções para quem desrespeitar
a regra, que é, na prática, apenas uma tentativa de uniformizar a grafia no
Brasil, Portugal, nos países da África e no Timor Leste.
A intenção era facilitar o intercâmbio
de obras escritas no idioma entre esses oito países, além de fortalecer o peso
do idioma em organismos internacionais.
"É muito difícil querer que o
português seja língua oficial nas Nações Unidas se vão perguntar: Qual é o
português que vocês querem?", afirma o embaixador Pedro Motta,
representante brasileiro na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
A minuta do decreto do adiamento foi
feita pelo Itamaraty. O texto precisa passar pela área jurídica da Casa Civil
antes da assinatura da presidente Dilma Rousseff.
Fonte:
Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1204152-governo-adia-novo-acordo-ortografico-para-2016.shtml>.
Acesso em: 14/02/2013.
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